a tradição das visitas técnicas

No inverno de julho de 1945, quando as moças e senhoras costumavam usar chapéus em roupas de passeio e os homens trajavam ternos à rua, a turma do Curso de Museus do Museu Histórico Nacional/RJ excursionava para a cidade de Ouro Preto em Minas Gerais. O grupo de 19 pessoas veio de trem numa viagem que durou 16 horas. Durante a permanência de uma semana visitaram também as cidades de Mariana, Congonhas do Campo e o então arraial de Ouro Branco.

Passados 68 anos, o Curso de Museologia da UFOP mantém a tradição das visitas técnicas iniciada pelo Curso de Museus. Todo semestre o DEMUL se reúne para discutir e aprovar os roteiros de viagens das disciplinas que possuem visitas previstas em suas ementas. Em geral, os estudantes organizam a hospedagem, na busca de conforto, higiene, bom preço e localização. Os professores, claro, responsabilizam-se pela elaboração dos roteiros detalhados, agendamentos, relatórios posteriores, avaliações e ainda por todo o aspecto operacional de deslocamento.

Em meio à transitoriedade do mundo contemporâneo as visitas técnicas permanecem uma boa tradição que nos orgulhamos em manter devido à sua importância como recurso pedagógico.

Este blog cumpre, pois o objetivo final de avaliar os estudantes em suas visitas aos museus. Suas postagens são registros, narrativas e leituras da experiência vivida, um diário coletivo, dinâmico, crítico, quiçá, divertido.

Tenham todos uma boa leitura e uma boa viagem!

Prof.ª Ana Audebert


terça-feira, 4 de dezembro de 2018










Encontro entre Comunidade e Museu: uma construção de identidades

Por: Iolanda Leiko, Lara Martins e Mariane Rodarte





O impacto visual da comunidade Vila da Estrela provoca o estimulo à novas leituras das paisagens urbanas. Alguns autores nos ajudam a entender a filosofia da “Liberdade da Cidade”, que é portanto, o direito de acesso aquilo que já existe, porém possui também o direito de mudança de acordo com nossos desejos. Se descobrirmos onde vivemos veremos que esse direito de mudar e reconstruir as cidades é nulo quando direitos são barrados por forças que impedem o reconhecimento do ritmo e escala da urbanização, que muitas vezes correm em direção a enfatizar as desigualdades sociais separando-as em classes.

As classes são destacadas quando observamos os movimentos que surgem das regiões periféricas da cidade, afim de ganhar notoriedade e chamar atenção às questões sociais. O Muquifu – Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos se apresenta como um lugar que dá voz à comunidade da Vila da Estrela, tendo esse propósito desde o seu surgimento.
O Muquifu nos proporciona a ver materialmente essa conexão entre comunidade e Museu. Na fotografia abaixo podemos visualizar o quanto a comunidade está dentro dele.



Foto 1: Fotografias comunidade da Estrela  - Iolanda Leiko




Nosso impacto ao entrar na primeira sala, que no caso é uma capela, foi de admiração e confusão de sentimentos ao mesmo tempo. Conhecer a história da Capela e do Museu fez parte de uma nova perspectiva para nós que seremos futuros profissionais na área.

O Padre Mauro Luis da Silva que nos recebeu com muita alegria e felicidade em estar fazendo parte da resistência que é um Museu de Território. E o que nos deixou mais felizes, foi o fato de que outras religiões e crenças são bem vindas nesse espaço, o padre pareceu ter muito respeito, sensibilidade e entendimento do que "aquilo tudo" significava, o que o torna diferenciado.

A segunda parte do Museu, é dedicada aos desejos do que a comunidade quer expor, é feita uma curadoria compartilhada. Os objetos são carregados de significados e sentimentos, o que muitas vezes pode nos parecer um artefato normal, porém há uma história por de traz que o torna especial.

Foto 2: Capela Muquifu



No segundo piso é possível reconhecer a sensibilidade com outras crenças que falamos nos parágrafos anteriores. Onde, são expostas vestimentas, fotografias e altares do congado. Uma coisa interessante é que quase todo o acervo que está nesse módulo é utilizado nos cortejos.

Foto 3: Fotografia Congado - Iolanda Leiko









Impacto da localização entre comunidade e bairros nobres é o que está em volta do Muquifu. E como agente interagente ele cumpre um papel social importantíssimo para aquela comunidade. Isso foi só um pouco do que pode-se encontrar nesse lugar incrível.
Para quem quiser conhecer mais um pouco do Muquifu...


As visitas são realizadas na Sede Vila Estrela, situada à Rua Santo Antônio do Monte,       708, Vila Estrela, Bairro Santo Antônio.

A Sede Beco Santa Inês, no Beco Santa Inês, 30, Barragem Santa Lúcia, é o local onde são realizados alguns eventos e está localizada a Biblioteca.
 


Endereço: Rua Santo Antônio do Monte, 708 - Santo Antônio
Telefone: 31 3296-6583
31 98798-7516
E-mail: comunicacaomuquifu@gmail.com
Informações Adicionais: Agende a visita guiada individual, para grupos, ou escolas, pelos telefones (31) 3296-6690 ou (31) 3296-6583, ou pelo e-mail padremauro@hotmail.com.
As visitas acontecem sempre às quartas-feiras, de 14 às 17 horas e aos sábados, de 10 às 16 horas, na sede do Museu.

facebook:
www.facebook.com/pg/muquifu/about/?ref=page_internal


________________________________
Fontes:
Harvey, D., Alfredo, A., Schor, T., & Boechat, C. (2009). A LIBERDADE DA CIDADE. GEOUSP: Espaço E Tempo (Online), (26), 09-18. https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2009.74124