Foi então que o primeiro anjo apareceu: o Pe. José Muñiz, um padre espanhol, se sensibilizou com a história das senhoras e comprou um terreno para a construção da capela, atualmente denominada Capela Maria Estrela da Manhã. Em 1968, o Pe. José Muñiz é afastado da diocese. No ano 2000 chegou o segundo anjo: Pe. Mauro Luiz da Silva e em junho de 2003 a capela é finalmente inaugurada.
Em 20 de novembro de 2012 é fundado o Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos delimitando os bairros Santo Antônio e a Vila Estrela, mas sua instauração ocorreu apenas em 2014 em sua sede atual. O museu é embasado na museologia comunitária, visto como a museologia que ouve mais e fala menos, feita com os desejos e histórias pela própria comunidade.
Turma 2015.2 do curso de Museologia da UFOP no mirante do MUQUIFUFonte: José Hansen, 2018 |
As cenas apresentam-se na seguinte ordem:
- Tia Ia como Maria da Conceição na passagem da anunciação do anjo à Virgem Maria, ela é filha da dona Generosa;
- Dona Generosa como Maria visitando Isabel;
- Tereza como Isabel, ela também é filha da dona Generosa;
- Tia Neném no nascimento de Jesus, já que a mesma foi responsável pelo nascimento do grupo de oração;
- Dona Emereciana na caminhada pela paz (100x Paz para Você - caminhada organizada pela comunidade - 10/12/2000);
- Dona Santa (Argentina) tem os famosos "olhos que seguem", retrata a primeira dor de Maria: a espada de dor transpassada no coração, conhecida como Nª Sr.ª das Dores;
- Dona Jovem observando a fuga para o Egito com as ervas do seu chá nos braços - Nª Sr.ª do Desterro (conheça também o documentário elaborado e produzido pelo Muquifu: O Chá da Dona Jovem);
- Maria Rodrigues na perda de Jesus no templo;
- Josemeire com Jesus entre os doutores por ser a primeira doutora da Vila Estrela, uma mulher adulta nunca poderia estar dentro do templo por ser considerada impura. Atualmente têm 3 doutoras negras na Vila;
- Sônia, catequista da comunidade, como Nª Sr.ª da Consolação simbolizando o genocídio das pessoas negras;
- Morte de Jesus juntamente com as cruzes representam a presença das mães que perderam seus filhos, da forma que for, que frequentam a igreja;
- Pe. José Muñiz como o providenciador o túmulo de Jesus ou, no caso, do terreno para a construção da capela;
- Ressuscitação com os anjos de congada, vistos pela comunidade como representando o Cleiton e o Marcial;
- Pentecoste: Pe. Mauro e as 14 mulheres com o véu e mais uma vizinha (Dona Mariana) a pedido das "musas" representada sem o véu;
- Dona Marta (Martinha) como Maria subindo ao céu com anjos congos, ela foi a única rainha do congado.
Pinturas da Capela Maria Estrela da Manhã/BH |
A intenção dos idealizadores do projeto da pintura é que cada cena fosse inaugurada em uma missa e água benta na presença das próprias homenageadas e de seus familiares, mas apenas metade delas passaram pelo ritual, já que o Pe. Mauro foi transferido de Paróquia sem uma explicação, nem ao menos permitiram que ele terminasse a espécia de batismo das pinturas.
Pinturas da Capela Maria Estrela da Manhã/BH |
A Capela-Museu sobrevive com o auxílio de 32 padrinhos que contribuem mensalmente. Não há nenhum dinheiro público investido neles, podendo-se dizer então que toda construção e/ou benfeitoria foi concretiza atrás de doações. Tanto que, a Capela até o dia da visita (04/10/2018) não tinha sido visitada e muito menos reconhecida pela Arquidiocese de Belo Horizonte.
NOVIDADE MUQUIFEIRA!!!
Mas como nem tudo são flores a placa que está na fachada do museu está com a grafia errada. A tradução da sigla Muquifu é MUSEU DOS QUILOMBOS E FAVELAS URBANOS, Urbanos por estar direcionado aos Quilombos, que é o foco do museu.
A novidade foi compartilhada no Instagram (@muquifu) da instituição.
Visite o museu você também!
Rua Santo Antônio do Monte, 708
Vila Estrela / Santo Antônio
Belo Horizonte – Minas Gerais – Brasil
Muquifone: 31 98798-7516
E-mail: comunicacaomuquifu@gmail.com
Facebook: https://www.facebook.com/muquifu/
Instagram: https://www.instagram.com/muquifu/
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¹ O congado é um festejo popular religioso afro-brasileiro mesclado com elementos religiosos católicos, com um tipo de dança dramática celebrando a coroação do rei do Congo, em cortejo com passos e cantos, onde a música é o fundo musical da celebração. É um movimento cultural sincrético, um ritual que envolve danças, cantos, levantamentos de mastros, coroações e cavalgadas, expressos na festa do Rosário plenamente no mês de outubro. São utilizados instrumentos musicais como cuíca, caixa, pandeiro e reco-reco, os congadeiros vão atrás da cavalgada que segue com uma bandeira de Nossa Senhora do Rosário. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Congada#Características>. Acessado em: 29/11/2018 às 16:58.