Como um estudante de Museologia, já participei de diversas visitas técnicas, com museus de muitas caras e lugares, histórias de todos os tipos. Chamo aqui, a nossa atenção especial para o , Museu dos Quilombos e Favelas Urbanas, e sua proposta para uma museologia de viés comunitário. A recepção por si só já esclarece a diferença. Somos recebidos por Pe. Mauro acompanhado por Clayton, um dos artistas envolvido na concepção artística do espaço. Embora os dois não sejam moradores da comunidade, ambos estão diretamente envolvidos.
Este contato tão próximo com importantes atores de todo o processo museológico que acontece no MUQUIFU foi um privilégio para a turma do curso de Museologia da UFOP. O calor que vem da proximidade com o coração do museu é ímpar, em comparação com as instituição de cunho mais tradicional. As diferenças vão ficando cada vez mais claras, somos acolhidos em uma igreja. Esta é museu ou não é? Um museu dentro de uma igreja ou uma igreja dentro de um museu? Aos poucos Pe. Mauro, com a ajuda de Clayton, vão nos falando sobre o templo, e como sua história, mas sobre tudo, a história da comunidade onde este se insere, estão representados ali em primeiro plano.
Pintura da Igreja do MUQUIFU Foto: José Hansen (2018)
Estão, nas paredes da igreja/museu a história das pessoas envolvidas com o bairro e o templo representadas por alegorias bíblicas, uma boa chave para a resposta da pergunta acima. A simbiose museu-igreja está ali, são indissociáveis, assim como o MUQUIFU e sua comunidade. A visão decolonial dos santos e anjos negros quebra com a hegemonia branca naturalizada pela igreja no Brasil e em boa parte do mundo. Imagino que deixe os mais conservadores chocados, o que na minha opinião é é interessante.
Pintura da Igreja do MUQUIFU Foto: José Hansen (2018)
Em uma cidade, que antes de virar Belo Horizonte, e capital de Minas Gerais, se chamava Curral Del-Rey, e tinha a maioria de sua população negra, e sofreu um processo de embranquecimento, ver jesus negro, pintado na parede da igreja é no mínimo um marco, uma declaração, estamos aqui, não vamos embora.
Após o primeiro momento de acolhimento e encerradas as explicações sobre a igreja, fazemos uma pausa para um maravilhoso almoço, comida gostosa, dessas feitas com amor. O momento traz um santo silêncio para a capela, mas devo sua é reza, é comida gostosa. Arroz, strogonoff de frango, uma farta salada e tabule compõem nosso prato, que enche a barriga dos esfomeados estudantes após a a viagem de Ouro Preto para BH. Felicidade no rosto e energia renovada, estamos prontos para conhecer o resto do museu.
Prato de comida Foto: José Hansen (2018)
Fazemos uma visita bem livre, de acordo com as curiosidades e interesses de cada um, ou cada grupo. Nossos dois novos amigos nos acompanham entre as salas do museu, sempre com boas histórias sobre os objetos, lugares e sobre a vida destes e das pessoas que ali, de certa foram, habitam. Em um museu comunitário os valores são outros, e estão contidas na beleza das pequenas historias, do cotidiano, que tem a capacidade de nos emocionar. Deixo aqui um pequeno recorte de imagens feitas no MUQUIFU para instigar sua visita Turma de Museologia do sétimo período da UFOP Foto: José Hansen (2018)
Parte do acervo do MUQUIFU Foto: José Hansen (2018)
Parte do acervo do MUQUIFU Foto: José Hansen (2018)
Por fim, deixo aqui os links para facilitar seu comunicação via internet para agendar sua visita ao MUQUIFO em BH, um visita que certamente vai mudar sua concepção de museus, quilombos e favelas urbanas.
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