a tradição das visitas técnicas

No inverno de julho de 1945, quando as moças e senhoras costumavam usar chapéus em roupas de passeio e os homens trajavam ternos à rua, a turma do Curso de Museus do Museu Histórico Nacional/RJ excursionava para a cidade de Ouro Preto em Minas Gerais. O grupo de 19 pessoas veio de trem numa viagem que durou 16 horas. Durante a permanência de uma semana visitaram também as cidades de Mariana, Congonhas do Campo e o então arraial de Ouro Branco.

Passados 68 anos, o Curso de Museologia da UFOP mantém a tradição das visitas técnicas iniciada pelo Curso de Museus. Todo semestre o DEMUL se reúne para discutir e aprovar os roteiros de viagens das disciplinas que possuem visitas previstas em suas ementas. Em geral, os estudantes organizam a hospedagem, na busca de conforto, higiene, bom preço e localização. Os professores, claro, responsabilizam-se pela elaboração dos roteiros detalhados, agendamentos, relatórios posteriores, avaliações e ainda por todo o aspecto operacional de deslocamento.

Em meio à transitoriedade do mundo contemporâneo as visitas técnicas permanecem uma boa tradição que nos orgulhamos em manter devido à sua importância como recurso pedagógico.

Este blog cumpre, pois o objetivo final de avaliar os estudantes em suas visitas aos museus. Suas postagens são registros, narrativas e leituras da experiência vivida, um diário coletivo, dinâmico, crítico, quiçá, divertido.

Tenham todos uma boa leitura e uma boa viagem!

Prof.ª Ana Audebert


segunda-feira, 11 de março de 2013

Há muitas maneiras de dizer a mesma coisa...


Durante a visita algumas frases me chamaram a atenção, no Museu da Língua Portuguesa, ouve-se por repetidas vezes em dado momento da visitação: “Penetra surdamente no reino das palavras”, e lê-se: “Quem não vê bem uma palavra, não pode ver bem uma alma”, naturalmente a comunicação baseada na palavra é exaltada no museu que tem como proposta de acervo a língua portuguesa. No entanto próximo a ele, fica o Memorial da Resistência, onde por outro lado leem-se os depoimentos: “Dependendo do modo como o carcereiro abria a porta, agente percebia o que era: se era para chamar alguém para tortura, se era alguém chegando, se era comida que estava vindo...”, “Tinham sons que eram terríveis, o barulho da chave no ferrolho...”, a comunicação numa prisão em uma ditadura perpassava pela necessidade do uso de outros códigos que muitas vezes não privilegiava a palavra, era preciso decifrar os sons, o movimento dos corpos, os olhares. A partir desta dicotomia acerca da comunicação, fiz duas colagens que expressam as sensações que tive em cada museu.  

  

Museu da Língua Portuguesa

                   
     


 Memorial da Resistência



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