a tradição das visitas técnicas

No inverno de julho de 1945, quando as moças e senhoras costumavam usar chapéus em roupas de passeio e os homens trajavam ternos à rua, a turma do Curso de Museus do Museu Histórico Nacional/RJ excursionava para a cidade de Ouro Preto em Minas Gerais. O grupo de 19 pessoas veio de trem numa viagem que durou 16 horas. Durante a permanência de uma semana visitaram também as cidades de Mariana, Congonhas do Campo e o então arraial de Ouro Branco.

Passados 68 anos, o Curso de Museologia da UFOP mantém a tradição das visitas técnicas iniciada pelo Curso de Museus. Todo semestre o DEMUL se reúne para discutir e aprovar os roteiros de viagens das disciplinas que possuem visitas previstas em suas ementas. Em geral, os estudantes organizam a hospedagem, na busca de conforto, higiene, bom preço e localização. Os professores, claro, responsabilizam-se pela elaboração dos roteiros detalhados, agendamentos, relatórios posteriores, avaliações e ainda por todo o aspecto operacional de deslocamento.

Em meio à transitoriedade do mundo contemporâneo as visitas técnicas permanecem uma boa tradição que nos orgulhamos em manter devido à sua importância como recurso pedagógico.

Este blog cumpre, pois o objetivo final de avaliar os estudantes em suas visitas aos museus. Suas postagens são registros, narrativas e leituras da experiência vivida, um diário coletivo, dinâmico, crítico, quiçá, divertido.

Tenham todos uma boa leitura e uma boa viagem!

Prof.ª Ana Audebert


sexta-feira, 29 de março de 2013

Espectadores? Leitores? Internautas? Bêbados? Um pouco de tudo isso ao mesmo tempo?


São oito milhões de habitantes
De todo canto em ação
Que se agridem cortesmente

Morrendo a todo vapor
E amando com todo ódio
Se odeiam com todo amor
São oito milhões de habitantes
Aglomerada solidão
Por mil chaminés e carros
Caseados à prestação
Porém com todo defeito
Te carrego no meu peito
Tom Zé. “São, São Paulo”, 1968.

“Museu da Língua Portuguesa”. Sempre que ouço esse nome, tenho sentimentos ambíguos: alívio por ter me livrado das quatro horas de tédio diário, ouvindo os mesmos barulhos e vendo as mesmas luzes; saudades dos bons amigos e da pausa para o café (e o cigarro, claro); tristeza pela gestão que acreditávamos ser semelhante à de um Shopping Center; lembranças engraçadas dos pianistas da Estação da Luz.

Mas nada é mais marcante do que as câmeras fotográficas.

Ah, as câmeras!




 “Pode tirar foto? Sim, mas sem flash.” Trezentas vezes por dia.




Sempre me perguntei se chegaria o dia em que alguém entraria no museu e simplesmente olharia a exposição. Com os olhos mesmo.

Voltar ao MLP, depois desse contato maior com a museologia, me fez ver as coisas de uma maneira um pouco mais simpática.

Durante o curso, sempre discutimos o papel atual das instituições museológicas e a relação do público com os museus de um modo geral. Que o MLP é um museu do seu tempo, não há como negar. Também não há como negar que ele consegue estabelecer uma relação com o público como poucos museus no Brasil conseguem.

O MLP é um museu do e para o século XXI. E nós, aspirantes a futuros museólogos, como nos encaramos e encaramos o próprio museu neste século?

Mas afinal, o que diabos vem a ser o século XXI???

Seria o tempo das câmeras fotográficas no lugar dos olhos? Ou das relações automatizadas das redes sociais ao invés das conversas no bar? Realmente não dá para generalizar.

Enfim. Espectadores? Leitores? Internautas? Bêbados? Um pouco de tudo isso ao mesmo tempo? Quem somos afinal?



Não sei vocês, mas eu ainda prefiro as mesas de bar.

2 comentários:

  1. Esse finalzindo do seu post me lembrou a nossa cv da quinta, lá no Laricão!!! rsrsr ótima crítica... Ultimamente tenho me perguntado sobre a transformação, se é q podemos dizer assim, das cameras fotograficas em olhos......


    Ah.. e eu concordo contigo... Eu n acho, eu tenho certeza, de q prefiro uma mesa de bar...

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