São oito milhões de habitantes
De todo canto em ação
Que se agridem cortesmente
Morrendo a todo vapor
E amando com todo ódio
Se odeiam com todo amor
São oito milhões de habitantes
Aglomerada solidão
Por mil chaminés e carros
Caseados à prestação
Porém com todo defeito
Te carrego no meu peito
Tom Zé. “São, São Paulo”, 1968.
“Museu da Língua
Portuguesa”. Sempre que ouço esse nome, tenho sentimentos ambíguos: alívio por
ter me livrado das quatro horas de tédio diário, ouvindo os mesmos barulhos e
vendo as mesmas luzes; saudades dos bons amigos e da pausa para o café (e o
cigarro, claro); tristeza pela gestão que acreditávamos ser semelhante à de um Shopping
Center; lembranças engraçadas dos pianistas da Estação da Luz.
Mas nada é mais
marcante do que as câmeras fotográficas.
Ah, as câmeras!
“Pode tirar foto? Sim,
mas sem flash.” Trezentas vezes por dia.
Sempre me perguntei se
chegaria o dia em que alguém entraria no museu e simplesmente olharia a
exposição. Com os olhos mesmo.
Voltar ao MLP, depois
desse contato maior com a museologia, me fez ver as coisas de uma maneira um pouco mais
simpática.
Durante o curso, sempre
discutimos o papel atual das instituições museológicas e a relação do público
com os museus de um modo geral. Que o MLP é um museu do seu tempo, não há como
negar. Também não há como negar que ele consegue estabelecer uma relação com o
público como poucos museus no Brasil conseguem.
O MLP é um museu do e
para o século XXI. E nós, aspirantes a futuros museólogos, como nos encaramos e
encaramos o próprio museu neste século?
Mas afinal, o que
diabos vem a ser o século XXI???
Seria o tempo das câmeras
fotográficas no lugar dos olhos? Ou das relações automatizadas das redes sociais ao
invés das conversas no bar? Realmente não dá para generalizar.
Enfim. Espectadores? Leitores?
Internautas? Bêbados? Um pouco de tudo isso ao mesmo tempo? Quem somos afinal?
Não sei vocês, mas eu
ainda prefiro as mesas de bar.
Bom, acho que eu também!
ResponderExcluirEsse finalzindo do seu post me lembrou a nossa cv da quinta, lá no Laricão!!! rsrsr ótima crítica... Ultimamente tenho me perguntado sobre a transformação, se é q podemos dizer assim, das cameras fotograficas em olhos......
ResponderExcluirAh.. e eu concordo contigo... Eu n acho, eu tenho certeza, de q prefiro uma mesa de bar...