Em comemoração ao bicentenário de nascimento do Imperador Pedro II, o Museu Imperial apresenta a exposição “Fala-me de Pedro - nas minúcias da memória”, que por meio de uma seleção de documentos e objetos relacionados a sua vida, objetiva fazer um percurso por aspectos que constroem o homem por trás da figura de Imperador, e as múltiplas camadas que cercam as memórias dele próprio e as que foram criadas sobre ele.
Percorrendo da infância à juventude, aos 49 anos de trono do monarca e os anos finais de sua vida, é possível também conhecer o homem que foi outras coisas além do posto que ocupou: o menino que buscou da maneira que podia encontrar o pai que pouco conheceu, que cresceu e era observador das estrelas, que foi estudante por toda a vida, e que além de conhecedor das coisas do mundo e dos céus, deixou diários que denotam inegavelmente um coração viajante e explorador.
Para quem visita a casa do Imperador, no que compreende o circuito expositivo de longa duração, a presença desse mesmo Imperador está em quase todas as partes, mas talvez o público reconheça o seu nome próprio, mas não o indivíduo que ele foi. O discurso convencional do museu trata de apresentar o Imperador do Brasil, pela própria força de seu nome, mas quem era esse homem brasileiro nascido Pedro? Consonante a Marta Anico “os defensores da tese da nostalgia consideram que o passado se configura como uma forma de escapismo e de redenção, proporcionando, desse modo, um regresso ansiado à autenticidade e à tradição” (2005, p. 73), mesmo que para visitar a configuração de uma casa que nunca existiu e que esse Imperador nunca ocupou.
“Fala-me de Pedro - nas minúcias da memória” é uma oportunidade de realizar uma passagem pela vida de um menino que se torna o homem Pedro de Alcântara. Para além das memórias sobre o imaginário de um Imperador, são revelados os pormenores do homem que estava por trás. As minúcias da memória de um homem que talvez o público não conheça, quando confrontadas com as que são conhecidas por esse mesmo público, possibilita olhar com mais responsabilidade a construção de uma memória, que é preenchida sim pela própria realidade, mas por outras partes também, que existem enquanto lacunas e imaginários, onde quem visita tenta conectar o Imperador que já se conhece com o homem que ainda não conhecia. Fala-me de Pedro.
Referências:
ANICO, Marta. A pós-modernização da cultura: patrimônio e museus na contemporaneidade. In: Revista Horizontes antropológicos. [online]. 2005, vol.11, n.23, pp. 71-86. CANCLINI, Néstor Garcia. Leitores, espectadores e internautas. São Paulo: Iluminuras, 2008.
https://museuimperial.museus.gov.br/falemedepedro/
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