a tradição das visitas técnicas

No inverno de julho de 1945, quando as moças e senhoras costumavam usar chapéus em roupas de passeio e os homens trajavam ternos à rua, a turma do Curso de Museus do Museu Histórico Nacional/RJ excursionava para a cidade de Ouro Preto em Minas Gerais. O grupo de 19 pessoas veio de trem numa viagem que durou 16 horas. Durante a permanência de uma semana visitaram também as cidades de Mariana, Congonhas do Campo e o então arraial de Ouro Branco.

Passados 68 anos, o Curso de Museologia da UFOP mantém a tradição das visitas técnicas iniciada pelo Curso de Museus. Todo semestre o DEMUL se reúne para discutir e aprovar os roteiros de viagens das disciplinas que possuem visitas previstas em suas ementas. Em geral, os estudantes organizam a hospedagem, na busca de conforto, higiene, bom preço e localização. Os professores, claro, responsabilizam-se pela elaboração dos roteiros detalhados, agendamentos, relatórios posteriores, avaliações e ainda por todo o aspecto operacional de deslocamento.

Em meio à transitoriedade do mundo contemporâneo as visitas técnicas permanecem uma boa tradição que nos orgulhamos em manter devido à sua importância como recurso pedagógico.

Este blog cumpre, pois o objetivo final de avaliar os estudantes em suas visitas aos museus. Suas postagens são registros, narrativas e leituras da experiência vivida, um diário coletivo, dinâmico, crítico, quiçá, divertido.

Tenham todos uma boa leitura e uma boa viagem!

Prof.ª Ana Audebert


terça-feira, 25 de março de 2025

O que traz a melhor experiencia para o vistante de um aparato cultural?

“Como os Museus têm lidado com a suas narrativas do passado e seus acervos?” - Ao visitar a cidade de Juiz de Fora tivemos a oportunidade de ver dois tipos de empreendimento voltados ao turismo museologico, um memorial e um museu. Sendo o memorial vinculado a Universidade Federal de Juiz de Fora, tendo sua narrativa baseada em um personagem juiz-forano (Itamar Franco), carregando sua história através da política, e outro de uma família que cria seu próprio gabinete de curiosidade, e a partir dele edifica um museu (Museu Mariano Procópio). Duas propostas interessantíssimas, diga-se de passagem. Nos surpreende a forma em que cada um se desenvolve.

O memorial Itamar Franco carrega e traz a memória de um personagem caricato da cidade, que fez carreira na política, o mostrando como um homem de muitas facetas, que andava com todos, um homem de boas conexões, um bom político ativo na comunidade juizforana e na política brasileira. Além disso o memorial traz a átona a participação na construção do plano Real por meio da coleção de numismática, reforçando a presença do politico na história da economia brasileira. O acervo ainda conta com um biblioteca e uma reserva tecnica em processo de catalogação.

O memorial se mescla ao centro da cidade, carregando um estereotipo de uma instalação com aspectos de construção contemporânea, muitas vezes vista como inacessível a visitação- situação se apresenta por meio das palavras da educadora contratada Laura Kasemiro (cito conversas da visita), que nos orientou sobre o espaço -  mostrando-nos as potencialidades do acervo enquanto pesquisas sobre a história política brasileira e de Juiz de Fora e também sobre suas potenciais problemáticas ao buscar musealizar a vida de um político sem criar comoção entre grupos rivais (esquerda, direita, centro...) e em acessar o público espontâneo, que muitas vezes encontra barreira no acesso, barreiras psicológicas (por não saber que podem entrar em um prédio que cria ares de governamental ou até mesmo pelo desconhecimento, visto que é um acervo voltado a vida política do personagem Itamar.


                                  




Comentei sobre o fusca do acervo? Pois é, existe um fusca na exposição, o fusca itamar, lançado no governo do mesmo com o intuito de atingir o acesso popular ao veiculos na época.

Em contrapartida temos o caso do Museu Mariano Procópio, que carrega o ar de todos os estereótipo possíveis do que é um museu. O mesmo se localiza dentro de um parque natural, no alto de uma montanha, como uma fortaleza. À primeira vista nos surpreendemos com o lago, a orla, depois sobe-se uma rua de paralelepípedos que leva até a construção, um propicio cenário de filme.

       

                                    





Ao entrar no museu fomos muito bem recebidos pela equipe, um show à parte, cada um a seu modo mostrava o comprometimento com seu trabalho e sua aptidão ao lidar com o acervo, mostram-se ativos em suas carreiras, deixando longe o estereótipo de “concursado encostado”, que não se esforça.

Aqui esbarramos em mais um empecilho frequento nos empreeendimento voltados a cultura no Brasil. A presente falta de "mãos" (trabalhadores) dentro de um aparato cultural. O memorial hoje conta com poucas pessoas, entre contratados e estagiários que auxiliam o memorial para existir, o que sobrecarrega os mesmos, o “jeitinho brasileiro” se torna imprescindível na prestação de serviço mantendo as portas abertas.

O que se evidencia a rotatividade de pessoas e falta de enraizamento da equipe. Caso completamente diferente do Museu Mariano Procópio que conta com uma equipe além de maior são concursados, o que extirpa a rotatividade dentro da equipe, trazendo muitas vezes o melhor conhecimento das coleções e potencialidades do acervo.

Aqui termino esse breve relato, deixando uma reflexão. O investimento do Estado brsileiro em formar trabalhadores concursados, ao=umentando  o fluxo de concurso na area da cultura auxiliaria e possibilitaria uma melhor experiencia do visitante, visto que diminuiria a rotatividade das pessoas que lidam com o acervo?





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