a tradição das visitas técnicas

No inverno de julho de 1945, quando as moças e senhoras costumavam usar chapéus em roupas de passeio e os homens trajavam ternos à rua, a turma do Curso de Museus do Museu Histórico Nacional/RJ excursionava para a cidade de Ouro Preto em Minas Gerais. O grupo de 19 pessoas veio de trem numa viagem que durou 16 horas. Durante a permanência de uma semana visitaram também as cidades de Mariana, Congonhas do Campo e o então arraial de Ouro Branco.

Passados 68 anos, o Curso de Museologia da UFOP mantém a tradição das visitas técnicas iniciada pelo Curso de Museus. Todo semestre o DEMUL se reúne para discutir e aprovar os roteiros de viagens das disciplinas que possuem visitas previstas em suas ementas. Em geral, os estudantes organizam a hospedagem, na busca de conforto, higiene, bom preço e localização. Os professores, claro, responsabilizam-se pela elaboração dos roteiros detalhados, agendamentos, relatórios posteriores, avaliações e ainda por todo o aspecto operacional de deslocamento.

Em meio à transitoriedade do mundo contemporâneo as visitas técnicas permanecem uma boa tradição que nos orgulhamos em manter devido à sua importância como recurso pedagógico.

Este blog cumpre, pois o objetivo final de avaliar os estudantes em suas visitas aos museus. Suas postagens são registros, narrativas e leituras da experiência vivida, um diário coletivo, dinâmico, crítico, quiçá, divertido.

Tenham todos uma boa leitura e uma boa viagem!

Prof.ª Ana Audebert


quinta-feira, 20 de março de 2025

Visita Técnica a Juiz de Fora nos dias 13 e 14 de março pela disciplina Museu no Mundo Contemporâneo.

 Nos dias 13 e 14 de março tivemos a oportunidade de visitar Juiz de Fora - MG com Prof.ª Ana Audebert, pela disciplina Museu no Mundo Contemporâneo (DEMUL/UFOP). La visitamos o Memorial da República Presidente Itamar Franco e o Museu Mariano Procópio, nos proporcionando experiências diferentes e novas óticas sobre a musealização de objetos e o acondicionamento dos mesmos. Começamos a visita pelo Memorial, no dia 13, onde ja nós é exposto a informação de que o memorial não é um museu comum, pois ao em vez de ser vinculado pelo IBRAM, é um dos únicos no Brasil a responder diretamente a Comissão Memória dos Presidentes da República (CMPR). Além de vermos a exposição de itens da vida pessoal e politica de Itamar Franco, um politico muito popular e querido pelos juiz-foranos, foi possível conhecer sua reserva técnica e a biblioteca particular do ex-presidente.

Algo que merece atenção no Memorial é o fato de visitas espontâneas serem raras neste museu. Apesar de se tratar da memoria de uma figura carismática na cidade, o prédio imponente inspirado no Palácio do Planalto é intimidador aos olhos populares. Os cidadãos juiz-foranos mal sabem que é possível visitar o prédio, levando aos profissionais do Memorial recorrer a politicas que agreguem a comunidade e que ajudem o a instituição a cumprir seu papel social.

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O fusca conversível de Itamar Franco, objeto museológico emblemático no acervo por ter grande carinho popular.

Homenagem ao Ex-Presidente Itamar Franco.

Parede contando a História das moedas Brasileiras até a implementação do Plano Real, no Governo de Itamar.

No dia 14 fomos ao Museu Mariano Procópio, uma instituição ligada ao poder municipal e que foi reaberta recentemente. Fundado em 1915 por Alfredo Ferreira Lage, um colecionista do periodo imperial brasileiro, hoje o museu conta com um dos principais acervos do país e peças importantes pra sociedade juiz-forana, tal qual o fusca de Itamar Franco no Memorial citado anteriormente.
La tivemos a honra de ser recebidos por toda a equipe interdisciplinar que o museu conta e sermos guiados pelos profissionais em suas respectivas áreas de atuação no espaço.
A visita começa pelo 2° andar da casa, onde conhecemos melhor a coleção estudada e adquirida por Alfredo Ferreira Lage, que vão desde minerais, animais empalhados, obras de artes, esculturas e até uma pequeno acervo egípcio. Diversas fotografias, cartas, jornais, e livros também fazem parte da coleção. Um ponto interessante a se destacar aqui é o tratamento diferenciado das fotografias no Museu Mariano Procópio em relação ao Memorial. Aqui as fotografias são tratadas como objetos museológicos, tendo cada uma o sua numeração. Enquanto no Memorial, as fotografias são tratadas e armazenadas como arquivos. Outra coisa que me chamou a atenção durante a visita é o quadro de Tiradentes Esquartejado, um quadro muito famoso e aclamado pela população local. Creio que meus olhos brilharam mais para o quadro por ser um estudante de História e residente de Ouro Preto, uma cidade que vê Tiradentes como um Herói nacional. Ver o objeto original de estudo de tantas disciplinas, desde o ensino fundamental, na sua frente é um sentimento genuinamente diferente.

Museu Mariano Procópio, prédio Ferreira Lage.


Quadro Tiradentes Esquartejado.
Livro do Sec. XVI da biblioteca do Museu Mariano Procópio.




Por fim, gostaria de reiterar como a visita foi enriquecedora ao vermos diferentes aspectos de 2 instituições museológicas. A interdisciplinaridade e o carinho pela profissão são coisas que nós chamam muito a atenção. 

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