A globalização, conceito muito tratado durante a disciplina, caracteriza o que São Paulo tem como essência: uma cidade global. Ao andar pelas ruas da cidade nos deparamos com diversos “não-lugares”, conceito na geografia que caracteriza por exemplo lojas da empresa Mc Donald’s: você pode entrar em uma loja em qualquer lugar do mundo e não saber a onde está, pois elas são todas iguais. As cidades globais também têm essa característica, configurando um espaço-tempo global ao se desvincular de suas particularidades.
Isso se torna uma problemática pois cada vez estamos ficando mais alienados e consumindo os mesmos tipos de entretenimento, seja esses filmes, jogos, modos de lazer. A globalização, apesar de cumprir sua promessa de integração econômica e social, também homogeiniza a cultura. Como explica Marta Anico em seu artigo “A pós modernização da cultura: patrimônio e museus na contemporaneidade”:
“Assim, e num quadro de intensificação dos fluxos culturais globais e de comodificação da cultura (Appadurai, 1998), em que esta se transforma numa mercadoria produzida e consumida à escala global, verifica-se um crescente distanciamento e alheamento dos indivíduos em relação ao seu passado histórico, às suas raízes, origens e especificidades culturais locais, produzindo sujeitos descentrados em busca de mecanismos e instrumentos de identificação e vinculação locais no novo contexto global.” Pág. 2
Ao passo de que o mundo contemporâneo se configura culturalmente em movimento; ou seja, em sua liquidez, ainda existem espaços que lutam contra essa homogeneidade cultural e buscam preservar e incitar o culto a memória: um deles são os museus. E São Paulo está cheio deles. De todos os tamanhos, temáticas e propostas, os museus de São Paulo prometem uma experiência de emoções e aprendizado concebendo diferentes culturas e momentos históricos seja da cidade, do país ou do mundo.
Apesar de não ter ido à visita técnica, já visitei alguns de seus museus e todas as vezes me encontrei maravilhada com o mundo que se abre em cada um deles. Ao buscar os locais que meus colegas de turma tiveram o prazer de ir, encontrei no MASP a exposição “Histórias Indígenas”, que me chamou atenção por justamente ajudar a quebrar esse paradigma de “comodificação da cultura”, e incitar a busca pelas nossas raízes, origens e especificidades.
Ao trabalhar com indígenas da América do Sul e do Norte, da Oceania e Escandinávia, a exposição encontra um caráter polifônico, não se bastando a “História Oficial”, mas trazendo uma visão transversal e aberta de relatos pessoais em níveis micro ou macro, de maneira que justapostas, criam um novo olhar para esses povos que, ao contrário de como é pensado pelo comum, não estão presos ao passado e vivem o presente.
Indígenas ocupam os mais diversos lugares: universidades, museus, teatros, praças, escolas, estádios, lojas, internet. E o Museu de Arte de São Paulo trás de forma feliz essa ocupação, desmistificando o que a comodificação da cultura pretende dissipar: que indígenas não existem mais, que ficaram no passado junto com a colonização. A mostra também traz a oportunidade de palestras e seminários com indígenas, trazendo com este contato a admiração por esses povos originários.
Nenhum comentário:
Postar um comentário