a tradição das visitas técnicas

No inverno de julho de 1945, quando as moças e senhoras costumavam usar chapéus em roupas de passeio e os homens trajavam ternos à rua, a turma do Curso de Museus do Museu Histórico Nacional/RJ excursionava para a cidade de Ouro Preto em Minas Gerais. O grupo de 19 pessoas veio de trem numa viagem que durou 16 horas. Durante a permanência de uma semana visitaram também as cidades de Mariana, Congonhas do Campo e o então arraial de Ouro Branco.

Passados 68 anos, o Curso de Museologia da UFOP mantém a tradição das visitas técnicas iniciada pelo Curso de Museus. Todo semestre o DEMUL se reúne para discutir e aprovar os roteiros de viagens das disciplinas que possuem visitas previstas em suas ementas. Em geral, os estudantes organizam a hospedagem, na busca de conforto, higiene, bom preço e localização. Os professores, claro, responsabilizam-se pela elaboração dos roteiros detalhados, agendamentos, relatórios posteriores, avaliações e ainda por todo o aspecto operacional de deslocamento.

Em meio à transitoriedade do mundo contemporâneo as visitas técnicas permanecem uma boa tradição que nos orgulhamos em manter devido à sua importância como recurso pedagógico.

Este blog cumpre, pois o objetivo final de avaliar os estudantes em suas visitas aos museus. Suas postagens são registros, narrativas e leituras da experiência vivida, um diário coletivo, dinâmico, crítico, quiçá, divertido.

Tenham todos uma boa leitura e uma boa viagem!

Prof.ª Ana Audebert


segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Museus de São Paulo: Entre o passado e o presente

    São Paulo foi uma grande surpresa e um choque de realidade, foi uma aventura que transcendeu as expectativas. Em meio à imponente selva de pedras, encontrei uma cidade pulsante, onde a arte e a cultura permeiam cada esquina. Os museus, tanto os que preservam a história quanto os contemporâneos, se tornam refúgios de contemplação e reflexão entre as buzinas e a vida corrida, ao longo das visitas aos museus diversas sensações e sentimentos foram despertados, os quais eu realmente não esperava vivenciar.

    No Memorial da Resistência de São Paulo, deparei-me com o que restou de seu espaço carcerário, composto por 4 celas, o corredor principal e o corredor do banho de sol, um pedaço do passado que ecoavam as vozes daqueles que lutaram contra a opressão. Ali me emocionei bastante com as cartas ali expostas, uma em questão me marcou bastante, onde uma criança relatava como era os seus dias para o seu pai, desde os detalhes mais simples, até os que ele julgava ser importante, como sobre a sua pipa, e sempre perguntando "Quando você vem?" 

    No Museu de Imagem e Som (MIS), a experiência imersiva desafiou minhas expectativas. Eu esperava uma jornada "leve”, mas fui envolvida por uma atmosfera densa e intrigante de um filme de terror. Cada projeção e cada som estimulavam meus sentidos. Foi a minha primeira vez em uma exposição imersiva e foi uma experiência que com toda certeza ficará marcada para sempre. 

    Já no Museu de Arte de São Paulo (MASP), pude contemplar obras que haviam povoado minha imaginação desde a infância. Contemplar de perto a obra “Os Retirantes” de Portinari foi como reencontrar um velho amigo, a mesma esteve muito presente em minha vida desde quando eu era pequena, através dos livros e também das aulas de artes na FAOP. 

    Enquanto eu estava ali observando o espaço em geral, uma figura singular capturou minha atenção: uma senhora imersa na contemplação das obras, indiferente a toda agitação dos estudantes com seus celulares e câmeras, querendo garantir uma boa selfie/foto para postar em suas redes sociais. O seu olhar atento, sereno e ao mesmo tempo curioso revelava uma conexão com a arte, havia ali uma observação silenciosa que transcendia o tempo e o espaço. 

    Ao longo de toda a visita percebi a diversidade de público que frequentam os museus, cada um encontrando significados e inspiração de maneiras únicas e particulares. A visita técnica a São Paulo foi uma imersão profunda na arte, na história e na diversidade humana, uma jornada de autoconhecimento e descoberta, onde cada obra de arte me convidava a mergulhar mais fundo em minha própria história e identidade, tanto no passado quanto no presente.

Alguns registros das visitas aos Museus:















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