Conforme o dicionário e as conversas na disciplina, muito se discute sobre o termo “Contemporâneo” e sobre o que pode ser considerado contemporâneo. É uma palavra que, em essência, depende de um referencial temporal; algo contemporâneo é algo que se dá na época ou no tempo atual, no tempo presente. Assim, a palavra em si não foi discutida enquanto temática nas aulas, mas foram pensados os diferentes momentos da museologia e da construção das cidades e da sociedade, assuntos tratados em disciplinas ofertadas da grade curricular desde o começo do curso.
Os países com seus diferentes governos sempre possuem uma
perspectiva de melhora baseada em algum referencial. Nesse sentido, a
globalização, muito citada nos textos da disciplina e nos contextos do museu é
uma realidade almejada e ao mesmo tempo confrontada, ao se pensar em relacionar
as diferenças e semelhanças que os países possuem.
Pensando nessa noção de globalização e na construção das
cidades e dos museus, relato sobre a minha experiência na Visita Técnica
realizada em São Paulo nos dias 5 a 7 de fevereiro ao Memorial da Resistência.
Canclini escreve “Um museu é, de certo modo, uma máquina de classificar objetos
para diferenciá-los de outros”. (CANCLINI, 2008) O Memorial da Resistência lida
com a memória de repressões da época da ditadura militar brasileira e do
período republicano no Brasil. Mas, como um caso isolado é pouco para se
retratar num local em que se discute sobre uma temática geral, o Memorial tem o
objetivo de, além de preservar a memória do que aconteceu no DEOPS (Departamento
Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo), contar histórias de Resistência
de lutas das minorias: do povo negro, da comunidade LGBTQIA+ e ainda colhe
depoimentos daquela época e dos dias atuais, de pessoas que se dispõem a contar.
A visita percorreu as salas e foi focada nas diversas mudanças arquitetônicas ocorridas naquele prédio, que começou a ser construído em 1907, funcionou como armazém por 30 anos e onde se instalou o DEOPS desde 1940 e que existiu por 4 décadas. Ali, naquele local, ainda são preservadas 4 celas, em que o governo vigiava, prendia e punia crimes de ordem política e social.
Os depoimentos colhidos até hoje das vítimas e familiares
que passaram por aquele local passam a integrar o circuito através de vídeos e
fac-símiles, mas toda a documentação relacionada aos fatos é direcionada para o
arquivo histórico municipal de São Paulo.
Como toda a violência e repressão contada na exposição teve
como sujeito o governo, foi questionado pela turma se havia algum apagamento e
alguma interferência do governo na exposição do ocorrido. O educador que nos
acompanhou garantiu que a narrativa não recebia nenhum tipo de intervenção do
estado a fim de minimizar os fatos que ocorreram ali.
Depois de muitos anos e muitos depoimentos colhidos sobre a
narrativa da ditadura militar, a equipe decidiu ampliar o circuito e a temática
para cobrir questões de direitos humanos que se relacionavam a questões de
resistência de povos minoritários.
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