a tradição das visitas técnicas

No inverno de julho de 1945, quando as moças e senhoras costumavam usar chapéus em roupas de passeio e os homens trajavam ternos à rua, a turma do Curso de Museus do Museu Histórico Nacional/RJ excursionava para a cidade de Ouro Preto em Minas Gerais. O grupo de 19 pessoas veio de trem numa viagem que durou 16 horas. Durante a permanência de uma semana visitaram também as cidades de Mariana, Congonhas do Campo e o então arraial de Ouro Branco.

Passados 68 anos, o Curso de Museologia da UFOP mantém a tradição das visitas técnicas iniciada pelo Curso de Museus. Todo semestre o DEMUL se reúne para discutir e aprovar os roteiros de viagens das disciplinas que possuem visitas previstas em suas ementas. Em geral, os estudantes organizam a hospedagem, na busca de conforto, higiene, bom preço e localização. Os professores, claro, responsabilizam-se pela elaboração dos roteiros detalhados, agendamentos, relatórios posteriores, avaliações e ainda por todo o aspecto operacional de deslocamento.

Em meio à transitoriedade do mundo contemporâneo as visitas técnicas permanecem uma boa tradição que nos orgulhamos em manter devido à sua importância como recurso pedagógico.

Este blog cumpre, pois o objetivo final de avaliar os estudantes em suas visitas aos museus. Suas postagens são registros, narrativas e leituras da experiência vivida, um diário coletivo, dinâmico, crítico, quiçá, divertido.

Tenham todos uma boa leitura e uma boa viagem!

Prof.ª Ana Audebert


terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Mergulho Subversivo

Não estive presente na visita e fiquei pensando muito em como comentar a experiência de

algo que não vivenciei, me esqueci que na arte sempre tem um fio interligando tudo.

Percebi então que a exposição “Antônio Obá: Revoada” presente na pinacoteca de São Paulo

e a exposição “Negros na Piscina” instalada na pinacoteca do Ceará, conversam passado e futuro, com as

discussões presentes, trazendo um questionamento feito em aula do que significa ser contemporâneo,

nada mais do que viver o agora em todos os sentidos.




A obra de Obá se apoia na rememoração histórica, ressignificação e ensinamento,

trata o ser na infância (nesse caso pelo olhar do artista racializado) não como

incapaz mas sim agente transformador do seu próprio tempo, construtor da realidade,

capaz de realinhar a própria posição no mundo e ensinar seus semelhantes.

Negros na piscina me apresenta esses corpos ja crescidos e atuantes no tempo espaço,

são retratos do cotidiano dos mesmos, tendo acesso ao lazer e educação que foram negados.

Os dois atos são retratos de subversão, de alcance da autonomia roubada, o mais contemporâneo

dos debates, a construção de um espaço misto com a individualidade plural. 




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