a tradição das visitas técnicas

No inverno de julho de 1945, quando as moças e senhoras costumavam usar chapéus em roupas de passeio e os homens trajavam ternos à rua, a turma do Curso de Museus do Museu Histórico Nacional/RJ excursionava para a cidade de Ouro Preto em Minas Gerais. O grupo de 19 pessoas veio de trem numa viagem que durou 16 horas. Durante a permanência de uma semana visitaram também as cidades de Mariana, Congonhas do Campo e o então arraial de Ouro Branco.

Passados 68 anos, o Curso de Museologia da UFOP mantém a tradição das visitas técnicas iniciada pelo Curso de Museus. Todo semestre o DEMUL se reúne para discutir e aprovar os roteiros de viagens das disciplinas que possuem visitas previstas em suas ementas. Em geral, os estudantes organizam a hospedagem, na busca de conforto, higiene, bom preço e localização. Os professores, claro, responsabilizam-se pela elaboração dos roteiros detalhados, agendamentos, relatórios posteriores, avaliações e ainda por todo o aspecto operacional de deslocamento.

Em meio à transitoriedade do mundo contemporâneo as visitas técnicas permanecem uma boa tradição que nos orgulhamos em manter devido à sua importância como recurso pedagógico.

Este blog cumpre, pois o objetivo final de avaliar os estudantes em suas visitas aos museus. Suas postagens são registros, narrativas e leituras da experiência vivida, um diário coletivo, dinâmico, crítico, quiçá, divertido.

Tenham todos uma boa leitura e uma boa viagem!

Prof.ª Ana Audebert


sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Guerrilla Girls: As vantagens de ser uma artista mulher.

 



Guerrilla Girls

As vantagens de ser uma artista mulher Português, 2017

  • AUTOR:
    Guerrilla Girls
  • DADOS BIOGRÁFICOS:
    Nova York, Estados Unidos, 1985
  • TÍTULO:
    As vantagens de ser uma artista mulher 
  • DATA DA OBRA:
    2017
  • TÉCNICA:
    Impressão digital sobre papel
  • DIMENSÕES:
    45 x 58,5 cm
  • AQUISIÇÃO:
    Doação das artistas, 2017
  • DESIGNAÇÃO:
    Cartaz
  • NÚMERO DE INVENTÁRIO:
    MASP.10878
  • CRÉDITOS DA FOTOGRAFIA:
    Guerrilla Girls
    Apesar de não estar presente na visita técnica da disciplina, em outras visitas que fiz recentemente ao MASP essa com certeza foi uma das obras que capturou totalmente minha atenção e acredito estar diretamente relacionada ao que estudamos no decorrer do semestre em Museu no Mundo Contemporâneo. 

A obra do coletivo de artistas novaiorquinas, Guerrilla Girls, que clama pela emancipação feminina no mundo, traz crítica ao próprio espaço da exposição, ao utilizar um certo grau de metalinguagem. De forma satírica expõem "as vantagens de ser uma artista mulher" trazendo exemplos desiguais de marcadores de gênero, como "não ter que passar pelo constrangimento de ser chamada de gênio" (afinal, mulheres sempre terão sua capacidade intelectual questionada) e "não ter que participar de exposições com homens" (as artistas mulheres acabam aparecendo em exposições especificas para mulheres), através do cartaz condenam a forma como as artistas são tratadas pelos críticos de arte e instituições no mundo.
    
    A obra denuncia o espaço dedicado às mulheres nas artes e a forma em que as mesmas adentram as instituições. Os corpos femininos historicamente são modelos vivos para grandes artistas homens criarem suas telas, esculturas e tudo o mais, e no final das contas essa ainda é a principal forma de entrada do gênero feminino em uma exposição. O cartaz nos chama à denuncia de que não existe neutralidade no sistema artístico, ele é construído por um gênero, uma classe social, econômica e política. Assim como as leituras que fizemos na disciplina, acredito que a obra faz um convite a nós futuros museólogos: encontrar maneiras de reparar disparidades no mundo da arte, sem criar novas segregações.

Afinal, hoje, quais as vantagens de ser uma mulher?

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