a tradição das visitas técnicas

No inverno de julho de 1945, quando as moças e senhoras costumavam usar chapéus em roupas de passeio e os homens trajavam ternos à rua, a turma do Curso de Museus do Museu Histórico Nacional/RJ excursionava para a cidade de Ouro Preto em Minas Gerais. O grupo de 19 pessoas veio de trem numa viagem que durou 16 horas. Durante a permanência de uma semana visitaram também as cidades de Mariana, Congonhas do Campo e o então arraial de Ouro Branco.

Passados 68 anos, o Curso de Museologia da UFOP mantém a tradição das visitas técnicas iniciada pelo Curso de Museus. Todo semestre o DEMUL se reúne para discutir e aprovar os roteiros de viagens das disciplinas que possuem visitas previstas em suas ementas. Em geral, os estudantes organizam a hospedagem, na busca de conforto, higiene, bom preço e localização. Os professores, claro, responsabilizam-se pela elaboração dos roteiros detalhados, agendamentos, relatórios posteriores, avaliações e ainda por todo o aspecto operacional de deslocamento.

Em meio à transitoriedade do mundo contemporâneo as visitas técnicas permanecem uma boa tradição que nos orgulhamos em manter devido à sua importância como recurso pedagógico.

Este blog cumpre, pois o objetivo final de avaliar os estudantes em suas visitas aos museus. Suas postagens são registros, narrativas e leituras da experiência vivida, um diário coletivo, dinâmico, crítico, quiçá, divertido.

Tenham todos uma boa leitura e uma boa viagem!

Prof.ª Ana Audebert


terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Para além do Terror no Cinema! - Uma exposição do Museu da Imagem e do Som (MIS)

 A parte da visita que mais me marcou em São Paulo foi ao Museu da Imagem e do Som (MIS) onde visitamos a exposição imersiva "Terror no Cinema" que trouxe temáticas desde o terror clássico de diversas épocas como "O Gabinete do Dr. Caligari" (1920), "Nosferatu" (1925), "Psicose" (1960), "O Iluminado" (1980), passando por filmes de terror de diversas sub-temáticas como o gore, terror psicológico, sobrenatural, explorando os diversos sentidos e em determinadas salas, fazendo com que o visitante se sinta dentro das obras apresentadas, como a sala do filme "O Tubarão" (1975) onde parece que realmente o visitante será atacado por um tubarão assassino e a sala do filme "O Exorcista" (1973) onde é exposta a cena crucial do filme que a menina possuída pelo demônio, gira a cabeça (essa sala eu saí correndo porque de fato deu medo).

Como primeira exposição imersiva que visitei em minha vida, achei muito proveitosa pois a forma da narrativa exposta ali, faz com que de fato haja um diálogo entre o visitante e a exposição. Por ser uma temática (filmes de terror) que é cotidiana à maior parte das pessoas em momentos de lazer, é muito fácil do visitante se identificar com o que está exposto mesmo que não haja um profundo conhecimento do acervo.

Hoje muito se é criticado das exposições imersivas que são comumente apresentadas, que não há uma narrativa estabelecida com apenas a exposição de imagens e apenas a finalidade de um deleite blockbuster, mas posso dizer que a exposição "Terror no Cinema" sai desta bolha e conversa de fato com o visitante.
Depois que retornamos à Ouro Preto, eu gostei tanto que saí em busca dos filmes que foram ali expostos, e entendendo que, se a museologia é um campo que conserva, pesquisa e expõe seus acervos para a geração de conhecimento, a exposição do MIS consegue cumprir o seu papel museográfico dentro e fora da instituição.


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