a tradição das visitas técnicas

No inverno de julho de 1945, quando as moças e senhoras costumavam usar chapéus em roupas de passeio e os homens trajavam ternos à rua, a turma do Curso de Museus do Museu Histórico Nacional/RJ excursionava para a cidade de Ouro Preto em Minas Gerais. O grupo de 19 pessoas veio de trem numa viagem que durou 16 horas. Durante a permanência de uma semana visitaram também as cidades de Mariana, Congonhas do Campo e o então arraial de Ouro Branco.

Passados 68 anos, o Curso de Museologia da UFOP mantém a tradição das visitas técnicas iniciada pelo Curso de Museus. Todo semestre o DEMUL se reúne para discutir e aprovar os roteiros de viagens das disciplinas que possuem visitas previstas em suas ementas. Em geral, os estudantes organizam a hospedagem, na busca de conforto, higiene, bom preço e localização. Os professores, claro, responsabilizam-se pela elaboração dos roteiros detalhados, agendamentos, relatórios posteriores, avaliações e ainda por todo o aspecto operacional de deslocamento.

Em meio à transitoriedade do mundo contemporâneo as visitas técnicas permanecem uma boa tradição que nos orgulhamos em manter devido à sua importância como recurso pedagógico.

Este blog cumpre, pois o objetivo final de avaliar os estudantes em suas visitas aos museus. Suas postagens são registros, narrativas e leituras da experiência vivida, um diário coletivo, dinâmico, crítico, quiçá, divertido.

Tenham todos uma boa leitura e uma boa viagem!

Prof.ª Ana Audebert


sexta-feira, 29 de novembro de 2019

As Mulheres no Museu da Loucura


Autoras: Laura Elisa, Lunara Silva e Milla Santo

Foto feita por Milla Santo - Nov/2019


O Museu da Loucura em Barbacena, hoje relata um pouco do que foi o Hospital Colônia, espaço esse que entrou em funcionamento em 1903 e encerrou as atividades somente nos anos de 1980. Durante esse período esse ambiente “hospitalar” representava um espaço onde as pessoas que fugiam dos “padrões” instaurados na época, eram internadas contra à vontade. Somente 30% das internações apresentavam algum transtorno psiquiátrico, portanto os outros 70% eram em sua maioria negros, mulheres, homossexuais, alcoólatras, mendigos. Nas primeiras imagens que se busca pelas mídias sociais e no próprio museu se destaca a presença de negros em sua maioria, e mulheres. O papel da mulher nesses períodos era bem claro, submissão a figura patriarcal, nesse sentido Arbex 1(2013, p. 30).
Muitas ignoradas eram filhas de fazendeiros as quais haviam perdido a virgindade ou adotavam comportamento considerado inadequado para um Brasil, à época, dominado por coronéis e latifundiários. Esposas trocadas por amantes acabavam silenciadas pela internação no Colônia. Havia também prostitutas, a maioria vinda de São João del-Rei, enviadas para o pavilhão feminino Arthur Bernardes após cortarem com gilete os homens com quem haviam se deitado, mas que se recusavam a pagar pelo programa.
A citação acima é um exemplo da discriminação sofridas só pelo fato de ser mulher, não havia poder de escolha, nem sobre o próprio corpo e as razões para as internações de conotação completamente fútil, para resguardo dos homens. Ação que, acometeria para estas mulheres excluídas da sociedade, danos irreparáveis a sua sanidade, sendo levadas a humilhação, estupro, tratamentos de eletrochoques, ações desumanizantes.
Durante a visita ao museu, principalmente observando as diversas maneiras que as  mulheres estão sendo retratadas, pode-se perceber como é recorrente a figura da mulher nua ou seminua, deixando-as expostas, a diversos tipos de violências, como por exemplo os abusos sexuais, assunto falado durante a visita por um dos funcionários da instituição. Segundo ele, os abusos ocorriam inclusive por funcionários, assim como por outros internos, fato que era possibilitado por superlotação.
É importante observarmos a forma como as mulheres estão sendo representadas dentro do museu, seus corpos e sua dor estão expostos no Museu da Loucura, através de imagens, de versos e objetos:






 1-ARBEX, Daniela. Holocausto brasileiro – 1. ed. – São Paulo: Geração Editorial, 2013.

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