a tradição das visitas técnicas

No inverno de julho de 1945, quando as moças e senhoras costumavam usar chapéus em roupas de passeio e os homens trajavam ternos à rua, a turma do Curso de Museus do Museu Histórico Nacional/RJ excursionava para a cidade de Ouro Preto em Minas Gerais. O grupo de 19 pessoas veio de trem numa viagem que durou 16 horas. Durante a permanência de uma semana visitaram também as cidades de Mariana, Congonhas do Campo e o então arraial de Ouro Branco.

Passados 68 anos, o Curso de Museologia da UFOP mantém a tradição das visitas técnicas iniciada pelo Curso de Museus. Todo semestre o DEMUL se reúne para discutir e aprovar os roteiros de viagens das disciplinas que possuem visitas previstas em suas ementas. Em geral, os estudantes organizam a hospedagem, na busca de conforto, higiene, bom preço e localização. Os professores, claro, responsabilizam-se pela elaboração dos roteiros detalhados, agendamentos, relatórios posteriores, avaliações e ainda por todo o aspecto operacional de deslocamento.

Em meio à transitoriedade do mundo contemporâneo as visitas técnicas permanecem uma boa tradição que nos orgulhamos em manter devido à sua importância como recurso pedagógico.

Este blog cumpre, pois o objetivo final de avaliar os estudantes em suas visitas aos museus. Suas postagens são registros, narrativas e leituras da experiência vivida, um diário coletivo, dinâmico, crítico, quiçá, divertido.

Tenham todos uma boa leitura e uma boa viagem!

Prof.ª Ana Audebert


domingo, 24 de novembro de 2019

Separados pelo Atlântico, mas não pelas semelhanças.

Loucura? sanidade? ideais de progresso e civilização? em nome da razão? uma guerra... que não teria fim!
Separados por um imenso oceano, dois hemisférios; separados por muitos pontos e acidentes geográficos, separados pelo espaço, apenas não no tempo e em seus ideais. O ano era 1935, 1936... 1940, 1945... frio rigoroso do inverno europeu no interior da Polônia, local? Campo de Concentração de Auschwitz; enquanto isso, calor excessivo nos trópicos brasileiros no interior do Estado de Minas Gerais, local? Hospital Colonia de Barbacena.
Enquanto Auschwitz teria sua crescente na década de 1940, Barbacena ainda continuaria sendo até a década de 1990 o destino de várias pessoas, e perderia o controle sobre seus próprios internos. 
o local entre ambos era o mesmo da chegada, o trem, no caso de Barbacena o trem dos loucos. Cabeças raspadas, roupas de tecido grosso padronizadas, perda da individualidade - o azulão. Experimentos científicos aplicados em salas, experimento criado por um fulano de tal que havia ganhado o Premio Nobel. 
todo trem tem uma estação, um ponto de partida ao qual o passageiro embarca ao seu destino final, a partir dai são escolhas, onde vamos e para que vamos; menos em Barbacena e Auschwitz, destino forçado, ponto final, acabou-se ali, a sanidade? não apenas, eram vidas. 
Contemporaneamente a tudo isso que ocorria no século XX, se consolida e se desenvolve nos trópicos brasileiros e no continente europeu, um curso capaz de transformar a realidade a sua volta, uma ciência social aplicada, engajada com o que preserva e de que modo faz para tal, preocupada com o mundo e sua sustentabilidade, mas sobretudo preocupada com a DIGNIDADE HUMANA. A MUSEOLOGIA. memória? esquecimentos? patrimônio? apagamentos? museu? um fenômeno? modos e modelos de pensar em sua era, época; Gustavo Barroso, Vinicius Stain Campos, Waldisia Russio, Luiz Fernando dos Santos, Maria, João, José... muitos virão.

Domingo, Ouro Preto, 24 de novembro de 2019. 
Nesse diário das memórias de uma Museologia deixo aqui minhas memórias sobre hoje. Choveu pela manha, o dia hoje em Ouro Preto está nublado, ainda não almocei e nem tomei meu café da manhã, o semestre está acabando e logo logo volto para Mococa! não vejo a hora, as férias vem ai. 

Trilhos que levam ao portão principal de Auschwitz

Trilhos que levam ao portão principal do Colonia Barbacena

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