Um museu que quer se retratar perante os internos ou um museu que quer atrai turistas?
Foto 1: Recepção do Museu da Loucura com um estandarte do Tripadvisor |
Foto 2: Entrada do Museu da Loucura
Contudo, João, um dos funcionários do Museu nos contou que os internos não ficavam ali. O Hospital Colônia se encontrava dentro da Fazenda da Caveira e este se encontrava a 3 km dali, ou seja, o museu não se encontra no mesmo local onde os internos ficavam.
Logo na entrada há uma placa de "boas vindas", onde a narrativa começa se auto-denominando "Caldeirão do Inferno". Já nessa placa há informações das torturas que os internos passavam.
Foto 3: Placa na entrada do Museu da Loucura
Uma placa que pode criar alguns sentimentos como o de suspense pelo o que há de vir ou de repulsa pelas torturas passadas como a lobotomia e os choques elétricos.
Na sala ao lado há a exposição dos uniformes utilizados pelos internos; bem, quando usados, porque na década de 60 o Hospital detinha o número de 6 mil internos com capacidade de 200.
Continuando pelo circuito do museu, chega-se a uma sala em que à direita está exposto os instrumentos de choques elétricos.
Foto 4: Instrumentos de eletro-choque
Na mesma sala, à frente, há material audiovisual contendo partes da reportagem que saiu na revista "O Cruzeiro".
E na parte direita da foto há relatos da alimentação dos internos que era preparada por outros internos e uma instalação.
Foto 5: Instalação com as panelas e utensílios utilizados no Hospital Colônia
Pode-se perceber como o ambiente criado é para que o visitante mergulhe num ambiente triste e frio, no entanto, em nenhum momento, cita-se nomes de médicos e funcionários.
A criação de um filme de terror dramático continua quando sobe-se para o segundo andar, no primeiro momento, um susto: a foto de uma interna (ou detenta) presa numa grade, enjaulada e semi nua, como um ser sem direitos. "A última grade", como se chama a instalação, só foi retirada em 1990, ou seja, até esse momento, os internos (ou detentos) eram presos.
Foto 6: interna enjaulada
Logo ao subir, à direita, há a sala com relatos (em áudio) contidos no documentário "Em nome da razão", de Helvécio Ratton, lançado em 1979.
Já à esquerda, a possível reparação do Hospital Colônia agora como espaço museal para com os internos, com relatos jornalísticos citando nomes dos responsáveis.
Foto 7: poster com reportagens jornalísticas denunciando os absurdos
Ainda na restituição dos direitos, a sala a seguir fala sobre a Luta Antimanicomial.
Foto 8: Luta Antimanicomial
No entanto, mesmo depois dessa tentativa de reparação, há a sala da lobotomia, onde o filme de terror dramático volta.
Foto 9: Sala da Lobotomia
Voltando para o estandarte que o Museu ganhou do site Triadvisor; pesquisei o que os visitantes falaram e postaram sobre o Museu. Para isso postarei alguns relatos e fotos em ordem crescente de recomendação. No site o Museu tem 152 avaliações, sendo que 81 são "excelente", 46 "muito bom", 13 "razoável", 5 "ruim" e 7 "horrível".
Figura 1: avaliação "horrível"
Figura 2: avaliação "ruim"
Figura 3: avaliação "razoável"
Figura 4: avaliação "bom"
Figura 5: criança no Museu
Figura 6: avaliação "excelente"
Figura 7: casal sorrindo com legenda "triste história"
A partir das avaliações e dos relatos pude perceber que é um Museu com, também, caráter turístico, o que pode levar a um turismo predatório e acrítico.
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