a tradição das visitas técnicas

No inverno de julho de 1945, quando as moças e senhoras costumavam usar chapéus em roupas de passeio e os homens trajavam ternos à rua, a turma do Curso de Museus do Museu Histórico Nacional/RJ excursionava para a cidade de Ouro Preto em Minas Gerais. O grupo de 19 pessoas veio de trem numa viagem que durou 16 horas. Durante a permanência de uma semana visitaram também as cidades de Mariana, Congonhas do Campo e o então arraial de Ouro Branco.

Passados 68 anos, o Curso de Museologia da UFOP mantém a tradição das visitas técnicas iniciada pelo Curso de Museus. Todo semestre o DEMUL se reúne para discutir e aprovar os roteiros de viagens das disciplinas que possuem visitas previstas em suas ementas. Em geral, os estudantes organizam a hospedagem, na busca de conforto, higiene, bom preço e localização. Os professores, claro, responsabilizam-se pela elaboração dos roteiros detalhados, agendamentos, relatórios posteriores, avaliações e ainda por todo o aspecto operacional de deslocamento.

Em meio à transitoriedade do mundo contemporâneo as visitas técnicas permanecem uma boa tradição que nos orgulhamos em manter devido à sua importância como recurso pedagógico.

Este blog cumpre, pois o objetivo final de avaliar os estudantes em suas visitas aos museus. Suas postagens são registros, narrativas e leituras da experiência vivida, um diário coletivo, dinâmico, crítico, quiçá, divertido.

Tenham todos uma boa leitura e uma boa viagem!

Prof.ª Ana Audebert


quinta-feira, 19 de agosto de 2021

"em vez de apagar a história, devemos analisá-la, assumi-la e aprender com os erros" (Isabel Castro Henriques, 2021)


https://amensagem.pt/2021/08/11/entrevista-isabel-castro-henriques-historia-colonial-roteiro-lisboa-africana-destruicao-simbolos-coloniais-padrao-descobrimentos/

Os meses de Junho e Julho pós queima da estátua do escravocrata/bandeirante Borba Gato na cidade São Paulo, fez com que minha timeline se enchesse das mais variadas opiniões, apelos e informações dos mais variados níveis escolares, políticos e sociais.
Com isso encontrei esta belíssima reportagem com a historiadora Isabel Castro Henriques - que estuda a décadas a história africana em Lisboa - e que sim, faz correlação não só com o ato de vandalismo provocado intencionalmente à estátua referida, mas a todas as outras das quais o poder público não salvaguarda, e que também são vistas todos os dias pelos transeuntes sem se ver quem ali foi representado (mesmo que na época que o monumento foi erguido tenha sido em sentido de homenagem, esta é uma linha tênue que nos tempos atuais deve ser corrigida).

Com a leitura da reportagem o ocorrido e seus desdobramentos, o que me chamou a atenção foram os levantes para a retirada desta e de todas as estátuas/monumentos que fizessem referência a períodos da escravidão; Ao meu ver, não vejo essa atitude com a correta ou a ideal, visto que a maioria da população não sabe quem foram estes rostos esculpidos. 
Precisamos é do oposto! Precisamos de que seja ensinado quem eles foram, o que fizeram, para que com os erros do passado possamos ter um país melhor.
Um exemplo que Isabel apresenta são os monumentos ao Holocausto, que são recriados para que com a experiência sensorial/visual os erros cometidos no passado não sejam novamente reproduzidos. 
Devemos nos lembrar que mesmo o período colonial tendo sido um período vergonhoso nos mais diversos sentidos, escondê-lo ou apagá-lo só fara com que as possibilidades de erros iguais ou parecidos sejam cometidos. O ensino sobre estes monumentos devem ser constantemente revisto, para que as identidades se reconheçam, para que os verdadeiros heróis hoje sejam homenageados e não retratados.




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