Os museus, bem como o espaço museal no mundo contemporâneo, cada vez mais estão preocupados com os movimentos sociais, com a inclusão e criação dos ecomuseus, tal qual a museologia social vem ganhando mais força. As memórias antes selecionadas para serem esquecidas se reerguem e resistem dentro um sistema capitalista que as esmaga.
Vimos na bibliografia selecionada para disciplina, como a sociedade se configurou da forma que conhecemos hoje. Através de séculos os museus como parte integrante, compõe esse cenário, e durante muito tempo funcionaram como um espaço elitista, imperialista e colonialista.
Uma das grandes características da contemporaneidade é o avanço iminente das tecnologias. Com a pandemia da COVID-19 esse fato se amplificou e todos precisaram se reinventar. O museu ganhou novas formas, e passou a ser percurso frequente para o público a visita à tour virtuais e exposições; a cibermuseologia e o acréscimo de instrumentos tecnológicos nos museus passariam a ditar o futuro da museologia?
Este breve texto não pretende responder essa questão, e sim provocar uma reflexão sobre o tema. Quantos de nós preferem exposições virtuais à presenciais? Quantos realmente leem todo o conteúdo de uma exposição virtual? Quantos conseguem entender a importância de determinado acervo nesse contexto? Acredito que, sem dúvida, todas ou a maioria das pessoas preferem exposições presenciais, não só pela mesma, mas também pelo contexto de ir, do espaço, dos momentos que precedem e sucedem, pela companhia e pela interação humana física.
Mas afirmar que as presenciais levam a uma maior experiência não é também negar uma certa educação, não é rejeitar a evolução e a modernização dos espaços? Penso que, ambos podem coexistir, mas os conflitos são inevitáveis. Pois, progressivamente tudo se torna rápido, sagaz e obsoleto na sociedade, mas os museus ainda são um importante instrumento com a função social para educar, porém também acabam funcionando também como atração turística e contribuindo para demais questões urbanas.
Será que algum dia tudo será totalmente virtual? As exposições, acervos, mediações, interações e demais ações educativas que constituem a essência de um museu tal qual conhecemos hoje? Seria um futuro promissor tendo em vista as atuais ações políticas e culturais do governo? Acredito que não. O público tem diminuído? Novos museus abrirão? Os existentes permanecerão abertos, e no estado de conservação ideal?
Embora no debate museológico evolução de teorias ganhem forças, no espaço museal, principalmente brasileiro, a situação se difere muito. Não há incentivo, há pouco interesse. Somado aos inúmeros avanços tecnológicos, a situação piora, pois não há verba para melhorar os espaços e a comunicação passar a ser dificultosa.
Seria então um futuro nebuloso para a área de museus? Certamente não há como saber. Mas o que vemos, percebemos e aprendemos durante toda graduação é que quase nunca houve tempos fáceis na área, de modo ocasional houve grandes investimentos, e mesmo assim juntamente com os profissionais as instituições seguiram na ativa, resistindo e lutando. Qual seria o futuro então? Por ora, talvez o mesmo de sempre, a resistência aos valores impostos, ao capitalismo, à tecnologia exacerbada, ao governo que a cada mês queima uma instituição e não destina recursos, negligenciando o patrimônio da União.
Entendo que o propósito da disciplina é assimilar a sociedade em que vivemos para assim compreendermos onde o museu está inserido. Indubitavelmente toda a contemporaneidade foi remodelada devido a pandemia da COVID-19, o que impossibilitou inclusive uma visita técnica para o post nesse blog. Portanto, preferi apenas refletir sobre o contexto que acredito ser essencial na disciplina, isto é, parar e pensar onde estamos, o que há e para onde estamos indo. Uma visita à exposição virtual e até mesmo reviver a alguma do passado em meu ser não seriam capazes de expressar a contemporaneidade aqui discutida, dado que a mesma acontece no presente e não é possível ter a real dimensão do todo.
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