a tradição das visitas técnicas

No inverno de julho de 1945, quando as moças e senhoras costumavam usar chapéus em roupas de passeio e os homens trajavam ternos à rua, a turma do Curso de Museus do Museu Histórico Nacional/RJ excursionava para a cidade de Ouro Preto em Minas Gerais. O grupo de 19 pessoas veio de trem numa viagem que durou 16 horas. Durante a permanência de uma semana visitaram também as cidades de Mariana, Congonhas do Campo e o então arraial de Ouro Branco.

Passados 68 anos, o Curso de Museologia da UFOP mantém a tradição das visitas técnicas iniciada pelo Curso de Museus. Todo semestre o DEMUL se reúne para discutir e aprovar os roteiros de viagens das disciplinas que possuem visitas previstas em suas ementas. Em geral, os estudantes organizam a hospedagem, na busca de conforto, higiene, bom preço e localização. Os professores, claro, responsabilizam-se pela elaboração dos roteiros detalhados, agendamentos, relatórios posteriores, avaliações e ainda por todo o aspecto operacional de deslocamento.

Em meio à transitoriedade do mundo contemporâneo as visitas técnicas permanecem uma boa tradição que nos orgulhamos em manter devido à sua importância como recurso pedagógico.

Este blog cumpre, pois o objetivo final de avaliar os estudantes em suas visitas aos museus. Suas postagens são registros, narrativas e leituras da experiência vivida, um diário coletivo, dinâmico, crítico, quiçá, divertido.

Tenham todos uma boa leitura e uma boa viagem!

Prof.ª Ana Audebert


terça-feira, 17 de agosto de 2021

"Museu da maldade: Deus seja louvado"

 



Ficha técnica:

Marcus Vinícius Gonçalves Valias

Museu da maldade: Deus seja louvado

Colagem sobre papel kraft

63 x 43cm

2021

A obra “Museu da maldade: Deus seja louvado” (2021) é a materialização de algumas inquietações que foram despertas no autor através da disciplina de “Museu no mundo contemporâneo” (MUL106). A peça, realizada somente através de recortes e colagens de papel de revista, foi elaborada com a utilização de excertos diversos de dez números da revista juvenil “Mundo estranho” (ME) da Editora Abril, abrangendo o arco temporal dos anos de 2011 a 2014 (o que nos faz atentar para a atemporalidade da discussão).  

A ideia central da obra toca na tangente das contribuições de Néstor Garcia Canclini em “Leitores, espectadores e internautas”, mais especificamente nos verbetes “Museu” e “Museu para a globalização”. Entretanto as visões do fenômeno da musealização se centram na distopia da ruína das tecnologias diante da iminência da extinção/esgotamento dos recursos minerais sem os quais os aparatos tecnológicos não têm condições de serem produzidos. Neste sentido, a “cultura do efêmero” e a obsolescência da cultura material como consequência de uma sociedade sustentada por um discurso civil baseado no poder de consumo, são ideias de Canclini (agora em “Consumidores e cidadãos: conflitos multiculturais da globalização”) que catalisam este cenário. 









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