“(…) há um recorte racial histórico no campo das artes – o recorte branco e masculino. Então, não podemos cair na armadilha de separar arte e política.” Keyna Eleison, curadora e pesquisadora negra brasileira.
A história da curadoria tem como marco inicial as experiências dos Gabinetes de Curiosidades e dos Salões Parisienses (mesmo que neste período não se utilizasse a denominação de curadoria). Desde o início de seu percurso as ações curatoriais estiveram atreladas aos museus. Tratando-se de um campo elitista, nos últimos anos, no Brasil, temos assistido uma modificação nesse terreno por meio da presença de grupos tidos como minorias sociais. Trago, para exemplo, a presença dos/as curadores negros/as nos espaços museais.
As experiências curatoriais negras não são recentes. Podemos mencionar a exposição inaugural do Museu de Arte Negra, no MIS do Rio de Janeiro, idealizada pelo intelectual e artista Abdias Nascimento, em 1968. Além do artista, colecionador e curador Emanoel Araujo que realizou exposições como Vozes da Diáspora (1992), Herdeiros da Noite: Fragmentos do Imaginário Negro (1995), A mão Afro-brasileira (1988) e Negro de corpo e alma (2000).
Apesar das experiências citadas a participação de curadores/as negro/as nos museus e demais instituições culturais ainda esta longe de ser consolidada. Tal fator é fruto do processo sistemático de racismos presente no campo das artes, atrelado à dificuldade de reconhecimento e inserção de tais profissionais nos espaços institucionais.
Recentemente o Museu de Arte de São Paulo (MASP) anunciou Hanayrá Negreiros como nova integrante de sua equipe, sendo curadora adjunta de moda. Mestre em ciência da religião pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), suas principais áreas de estudo são as estéticas africanas e afro-diaspóricas que se manifestam pelo vestir. A presença de Negreiros e de outros sujeitos dentro da curadoria museológica na contemporaneidade é fundamental para se repensar as artes tendo em vista que o processo curatorial não é neutro e faz-se político.
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